Desde que lançou seu álbum de estreia, “The Family
Jewels”, lá em 2010, Marina Diamandis conquistou muitos fãs. Com uma voz
poderosa e letras inteligentes, ela conquistou um posto de “musa indie”, mas ao
lançar seu segundo álbum, o eletrônico “Electra Heart”, que trazia participações
de nomes pop, como Diplo e Cirkut, ela mostrou que é totalmente possível fazer
músicas radiofônicas com letras geniais. Apesar de ainda não ter sido um enorme
sucesso, a obra foi responsável por trazer uma nova leva de fãs para a diva.
Com dois álbuns tão diferentes na carreira, ela tinha uma difícil tarefa de
seguir um dos dois caminhos, “indie” ou “pop”, que os dois discos
representavam. Foi aí que nasceu o “Froot”, uma retomada do estilo que ela
adquiriu lá no “The Family Jewels”, e, apesar de o Electra Heart ser meu
favorito, posso dizer que ela acertou em cheio, tornando seu terceiro álbum tão
memorável quanto os outros.
Para isso, eu e o Macio fizemos uma resenha dessa fruta maravilhosa, vamos começar?
Happy
Eduardo: Na faixa que abre o registro, Marina utiliza apenas
sua voz e um instrumental minimalista para falar sobre a felicidade. Ela
retrata a busca por essa felicidade através da paz espiritual, da fé de que há
alguém nos preparando algo especial e que tal sentimento irá chegar cedo ou
tarde. “Happy” é uma canção delicada e libertadora, sobre acreditar que o
amanhã será melhor que o hoje. Nota: 7.5/10
Macio: Primeira música do álbum. E a que quase me fez chorar. Bem lenta, com uma mistura de piano e backing vocals, Marina canta sobre como finalmente encontrou a liberdade e a felicidade, emocionante, de verdade. Nota: 10/10
Froot
Eduardo: Saindo da delicadeza e melancolia de “Happy”, toda
a animação da faixa-título, uma mistura de disco
music com um rock leve, é jogada na nossa cara. Em “Froot”, Marina diz estar
apaixonada, no entanto, não quer esperar muito por seu amado e dá sinais de que
a fila vai andar, tudo isso em uma metáfora genial envolvendo frutas. “Deixe
por muito tempo e eu vou apodrecer, como a maçã que você esqueceu”. Utilizando
um trocadilho óbvio, “Froot” é deliciosa. Nota: 9/10
Macio: Pra mim, a viciante do álbum, dançante e com versos sobre “La dolce vida”. Faz você querer estar com Marina onde quer que ela esteja curtindo essa vida . Contra: Ter 5:31 de duração, precisava mesmo isso tudo? Ps. Amo o vocal dela nessa música. Nota: 9/10
I'm A Ruin
Eduardo: A terceira faixa e um dos singles do material, “I’m
A Ruin”, fala sobre um relacionamento fracassado onde um dos lados “brincou com
coração do outro”, no entanto, aqui os papeis se invertem e Marina, ao invés de
lamentar ter sido traída, na verdade é a vilã da história. Apesar de a letra
ser melancólica, a música é surpreendentemente radiofônica, com direito até a
“yeah yeah” no refrão. Nota: 8.5/10
Macio: Música sobre decepção amorosa, a gente gosta, a gente ama, e “I’m a ruin” consegue te fazer meditar na letra e curtir a música alegre ao mesmo tempo, ponto alto: “Yeah, uh huh, ooh”. Nota: 9/10
Blue
Eduardo: Sendo a faixa mais pop do disco – E uma das
melhores também – “Blue” tem um arranjo similar ao de “Tiny Little Bow” da
Carly Era Jepsen (Tenha uma ideia da “popice” da faixa). Com seu instrumental
alegre, escondendo o arrependimento contido na letra nem tão alegre assim, essa
música se torna uma daquelas de fazer você querer sair dançando e rodando pela
rua em um dia de chuva. Nota: 9.5/10
Macio: Ivy. Mais uma faixa sobre decepção amorosa que começa lenta e evolui para uma balada levemente dançante, parece que TODO MUNDO ama essa música e eu gostei, só não achei nada demais, talvez porque pela letra ser BEM triste, bate cabelo não rola? (Queria vê-la sendo executada estilo Immortal) Nota: 7/10
Forget
Eduardo: Se
você ainda não havia percebido a grande influência do “The Family Jewels” no
novo álbum, “Forget” vai te fazer perceber. A faixa é a que mais se assemelha
aos trabalhos anteriores da cantora, pendendo para algo mais rock e orgânico
que o último álbum, o eletrônico “Electra Heart”. Em combinação com o
instrumental de bater o pezinho, Marina trata de nos arrebatar com uma letra
marcante sobre aceitar seu passado e não ter arrependimentos. Em mais um trocadilho
óbvio e infame, essa canção é inesquecível (Desculpe). Nota: 9/10
Macio: Eu sou a única pessoa do mundo que toma um susto quando a música já começa num vocal forte? Hahaha, Forget é assim. Ponto alto: 2:08 – 2:13 fez meu dia e vai fazer o de vocês *O* Só lembrando que a letra é linda e fala que há coisas que simplesmente temos que esquecer/deixar pra trás (MARRY ME MARINA). Nota: 9.5/10
Gold
Eduardo: Uma
das canções mais diferentes de todo o álbum, pode-se dizer que “Gold” é uma
música sobre autoestima e liberdade, onde Marina afirma que o ouro que pode
comprar tudo, menos nossa essência, nosso “eu”. Isso em cima do instrumental
mais peculiar do disco, com palminhas e uma guitarra. Já imaginamos um clipe
com coreografia de “hula”. Nota: 8/10
Macio: Uma das minhas preferidas do álbum, senti uma vibe meio anos 80/90 ouvindo-a, me lembrou muito a clássica “Walking on Sunshine” (nem eu sei o porquê), relaxante, fresh, curti muito! Nota: 10/10
Can't Pin Me Down
Eduardo: “Um hino
de independência” é a frase que define a sétima faixa do “Froot”. Na letra, Marina
diz que ninguém pode obrigá-la a ir contra suas vontades. A acidez da faixa
pode ser vista em versos como “Você realmente quer que eu escreva um hino
feminista? Estou feliz de cozinhar o jantar na cozinha para o meu marido”, onde
ela ironicamente discute sobre o feminismo, assunto em alta nos últimos tempos.
“Time to back off Motherfucker!”. Nota: 9.5/10
Macio: MOTHER FUCKER! Sim, vocês não podem colocar Marina para baixo, música bem pra cima e me tirem uma dúvida “Do you really want me to write a feminist anthem? I’m happy cooking dinner in the kitchen for my husband” seria uma mensagem pra imprensa fofoqueira? Nota: 8.5/10
Solitaire
Eduardo: “Solitaire”
é sombria, depressiva e parada demais, Marina traz de volta o minimalismo de
“Happy” para cantar sobre sua solidão em uma das melhores letras do disco. Aqui
ela nos revela que se isola para não se misturar com o “glitter barato” do lado
de fora da sua janela. Ela observa e julga as pessoas lá fora, mas tudo isso de
longe, escondida e isolada... Solitária. É linda, mas uma das mais fracas do
álbum. Nota: 6.5/10
Macio: Segunda faixa deprê do álbum, não tanto quanto happy, pois o instrumental é mais presente (apesar de pouco), não gostei muito, o que é uma opinião pessoal, claro. Há quem diga ser essa a melhor música do álbum, escutem e tirem suas próprias conclusões. Nota: 7/10
Better Than That
Eduardo: Na nona faixa do álbum, Marina nos avisa sobre uma
verdadeira “homewrecker”, uma mulher que dorme com vários homens e finge ser
sua amiga, mas depois te apunhala pelas costas. Quando a música saiu, os boatos
que corriam era de que ela era uma indireta para Ellie Goulding, mas como eu já
esperava, não era nada disso e Marina tratou de desmentir. Mesmo assim, ela não
se destaca no disco nem pelo arranjo e nem pela letra, sendo a única que eu
pularia. Nota: 5/10
Macio: Better Than That pra mim é sexy, imagino a música sendo trilha do filme de alguma super heroína da Marvel, a letra fala sobre poder e "ser melhor que isso", refrão bem viciante e o fundo musical eu achei criativo. Contra: A voz meio medonha da Marina em umas partes da música. Nota: 8.5/10
Weeds
Eduardo: Aqui
Marina luta contra um problema que ela tentou evitar, mas que agora está
crescendo como ervas daninhas. “Weeds” é uma balada poderosa e uma das melhores
faixas do disco. Delicada e tocante, com um incrível solo de guitarra no final,
ela é a parte do repertório em que os fãs fecharão seus olhos e acenderão seus
isqueiros, cantando junto. Estupenda! Nota: 10/10
Macio: Opa! Mais uma que vicia (trocadilho fail), eu adoro os falsetes que a Marina e essa música é repleta deles, além de ser bem calminha (efeito das WEEDS né marina? ponto alto: “Like weeeeeeeeds”/ “And God knows that sex is a way to feel a bit, a little bit less lonely” HAHAHAHA MARAVILHOSA, ótima música pra fechar os olhos, sorrir e ficar balançando a cabeça junto. Nota: 10/10
Savages
Eduardo: Tenho
a impressão que Marina deixou o melhor para o final, pois Savages é dona de um
dos refrões mais poderosos do disco, além de uma letra agressiva. Sobre um
sintetizado instrumental de rock, a cantora denuncia nosso instinto selvagem,
dizendo que por baixo de toda a nossa civilização há uma selva onde os mais
fortes sobrevivem. “Somos apenas animais ainda aprendendo a engatinhar".
Nota: 10/10
Macio: Aqui Marina filosofa um pouco sobre a raça humana, falando sobre classes sociais, assassinatos e se perguntando se tudo isso está em nosso DNA (curti a ideia da letra? SIM). Gostei da música, pareceu-me que a bateria (acho) que acompanha o vocal dela a música inteira combinou bem e, devido à letra, ela parece cantar com mais “força” que o normal. Bacana, mas não uma preferida. Nota: 8/10
Immortal
Eduardo: A faixa que anuncia a chegada do fim é simplesmente
a obra máxima do disco e talvez da carreira da cantora. Com uma performance
vocal invejável e uma letra perfeita, ela canta sobre um dos temas mais
difíceis de se falar: a morte. É uma canção emocionante e delicada, onde Marina
reflete sobre o legado que cada um de nós deixa quando tudo acaba. Todos querem
ser imortais, mas as únicas que coisas que não morrem são as memórias. É necessário
aceitar que um dia tudo vai acabar e aproveitar a vida curta para deixar um
legado... Algo de valor para que não viva em vão. Uma memória. Nota: 10/10
Macio: FALSETES! FALSETES! FALSETES! É linda, tipo de música que te toca e contagia e você fica *-*, meu conselho? Só corre e escuta. NOW. Não faço ideia de qual é o fundo musical porque a voz da Marina rouba a cena completamente aqui. Ponto alto: Falsetes, lógico. Nota: 10/10
Resumo
geral: “Froot” é um trabalho sincero e pessoal, a prova disso é o fato de
que Marina trabalhou duro e fez tudo praticamente sozinha. Pode-se dizer que o
disco é uma análise da própria como humana. Seus erros, seus amores, sua
alegria, sua tristeza... Todos os sentimentos expostos em doze músicas
incríveis.
O disco é muito distante do seu antecessor, o
maravilhoso “Electra Heart”, se assemelhando muito mais ao álbum de estreia,
“The Family Jewels”, mas isso de maneira nenhuma é ruim. “Froot” é mais
orgânico e menos eletrônico. O conceito não é tão genial quanto o do segundo
álbum da sua carreira, mas Marina acerta ao fazer dele um retrato fiel e
delicado do seu eu interior, ao mesmo tempo que estuda o ser humano em geral,
apontando seus erros e acertos. “Froot” é, resumidamente, uma obra magnífica.
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