sexta-feira, 27 de março de 2015

REVIEW: Marina And The Diamonds - Froot




Desde que lançou seu álbum de estreia, “The Family Jewels”, lá em 2010, Marina Diamandis conquistou muitos fãs. Com uma voz poderosa e letras inteligentes, ela conquistou um posto de “musa indie”, mas ao lançar seu segundo álbum, o eletrônico “Electra Heart”, que trazia participações de nomes pop, como Diplo e Cirkut, ela mostrou que é totalmente possível fazer músicas radiofônicas com letras geniais. Apesar de ainda não ter sido um enorme sucesso, a obra foi responsável por trazer uma nova leva de fãs para a diva. Com dois álbuns tão diferentes na carreira, ela tinha uma difícil tarefa de seguir um dos dois caminhos, “indie” ou “pop”, que os dois discos representavam. Foi aí que nasceu o “Froot”, uma retomada do estilo que ela adquiriu lá no “The Family Jewels”, e, apesar de o Electra Heart ser meu favorito, posso dizer que ela acertou em cheio, tornando seu terceiro álbum tão memorável quanto os outros.

Para isso, eu e o Macio fizemos uma resenha dessa fruta maravilhosa, vamos começar?

Happy

Eduardo: Na faixa que abre o registro, Marina utiliza apenas sua voz e um instrumental minimalista para falar sobre a felicidade. Ela retrata a busca por essa felicidade através da paz espiritual, da fé de que há alguém nos preparando algo especial e que tal sentimento irá chegar cedo ou tarde. “Happy” é uma canção delicada e libertadora, sobre acreditar que o amanhã será melhor que o hoje. Nota: 7.5/10

Macio: Primeira música do álbum. E a que quase me fez chorar. Bem lenta, com uma mistura de piano e backing vocals, Marina canta sobre como finalmente encontrou a liberdade e a felicidade, emocionante, de verdade. Nota: 10/10

Froot

Eduardo: Saindo da delicadeza e melancolia de “Happy”, toda a animação da faixa-título, uma mistura de disco music com um rock leve, é jogada na nossa cara. Em “Froot”, Marina diz estar apaixonada, no entanto, não quer esperar muito por seu amado e dá sinais de que a fila vai andar, tudo isso em uma metáfora genial envolvendo frutas. “Deixe por muito tempo e eu vou apodrecer, como a maçã que você esqueceu”. Utilizando um trocadilho óbvio, “Froot” é deliciosa. Nota: 9/10

Macio: Pra mim, a viciante do álbum, dançante e com versos sobre “La dolce vida”. Faz você querer estar com Marina onde quer que ela esteja curtindo essa vida . Contra: Ter 5:31 de duração, precisava mesmo isso tudo? Ps. Amo o vocal dela nessa música. Nota: 9/10

I'm A Ruin

Eduardo: A terceira faixa e um dos singles do material, “I’m A Ruin”, fala sobre um relacionamento fracassado onde um dos lados “brincou com coração do outro”, no entanto, aqui os papeis se invertem e Marina, ao invés de lamentar ter sido traída, na verdade é a vilã da história. Apesar de a letra ser melancólica, a música é surpreendentemente radiofônica, com direito até a “yeah yeah” no refrão. Nota: 8.5/10

Macio: Música sobre decepção amorosa, a gente gosta, a gente ama, e “I’m a ruin” consegue te fazer meditar na letra e curtir a música alegre ao mesmo tempo, ponto alto: “Yeah, uh huh, ooh”. Nota: 9/10

Blue

Eduardo: Sendo a faixa mais pop do disco – E uma das melhores também – “Blue” tem um arranjo similar ao de “Tiny Little Bow” da Carly Era Jepsen (Tenha uma ideia da “popice” da faixa). Com seu instrumental alegre, escondendo o arrependimento contido na letra nem tão alegre assim, essa música se torna uma daquelas de fazer você querer sair dançando e rodando pela rua em um dia de chuva. Nota: 9.5/10

Macio: Ivy. Mais uma faixa sobre decepção amorosa que começa lenta e evolui para uma balada levemente dançante, parece que TODO MUNDO ama essa música e eu gostei, só não achei nada demais, talvez porque pela letra ser BEM triste, bate cabelo não rola? (Queria vê-la sendo executada estilo Immortal) Nota: 7/10

Forget

Eduardo: Se você ainda não havia percebido a grande influência do “The Family Jewels” no novo álbum, “Forget” vai te fazer perceber. A faixa é a que mais se assemelha aos trabalhos anteriores da cantora, pendendo para algo mais rock e orgânico que o último álbum, o eletrônico “Electra Heart”. Em combinação com o instrumental de bater o pezinho, Marina trata de nos arrebatar com uma letra marcante sobre aceitar seu passado e não ter arrependimentos. Em mais um trocadilho óbvio e infame, essa canção é inesquecível (Desculpe). Nota: 9/10

Macio: Eu sou a única pessoa do mundo que toma um susto quando a música já começa num vocal forte? Hahaha, Forget é assim. Ponto alto: 2:08 – 2:13 fez meu dia e vai fazer o de vocês *O* Só lembrando que a letra é linda e fala que há coisas que simplesmente temos que esquecer/deixar pra trás (MARRY ME MARINA). Nota: 9.5/10

Gold

Eduardo: Uma das canções mais diferentes de todo o álbum, pode-se dizer que “Gold” é uma música sobre autoestima e liberdade, onde Marina afirma que o ouro que pode comprar tudo, menos nossa essência, nosso “eu”. Isso em cima do instrumental mais peculiar do disco, com palminhas e uma guitarra. Já imaginamos um clipe com coreografia de “hula”. Nota: 8/10

Macio: Uma das minhas preferidas do álbum, senti uma vibe meio anos 80/90 ouvindo-a, me lembrou muito a clássica “Walking on Sunshine” (nem eu sei o porquê), relaxante, fresh, curti muito! Nota: 10/10

Can't Pin Me Down

Eduardo: Um hino de independência” é a frase que define a sétima faixa do “Froot”. Na letra, Marina diz que ninguém pode obrigá-la a ir contra suas vontades. A acidez da faixa pode ser vista em versos como “Você realmente quer que eu escreva um hino feminista? Estou feliz de cozinhar o jantar na cozinha para o meu marido”, onde ela ironicamente discute sobre o feminismo, assunto em alta nos últimos tempos. “Time to back off Motherfucker!”. Nota: 9.5/10

Macio: MOTHER FUCKER! Sim, vocês não podem colocar Marina para baixo, música bem pra cima e me tirem uma dúvida “Do you really want me to write a feminist anthem? I’m happy cooking dinner in the kitchen for my husband” seria uma mensagem pra imprensa fofoqueira? Nota: 8.5/10

Solitaire

Eduardo: “Solitaire” é sombria, depressiva e parada demais, Marina traz de volta o minimalismo de “Happy” para cantar sobre sua solidão em uma das melhores letras do disco. Aqui ela nos revela que se isola para não se misturar com o “glitter barato” do lado de fora da sua janela. Ela observa e julga as pessoas lá fora, mas tudo isso de longe, escondida e isolada... Solitária. É linda, mas uma das mais fracas do álbum. Nota: 6.5/10

Macio: Segunda faixa deprê do álbum, não tanto quanto happy, pois o instrumental é mais presente (apesar de pouco), não gostei muito, o que é uma opinião pessoal, claro. Há quem diga ser essa a melhor música do álbum, escutem e tirem suas próprias conclusões. Nota: 7/10

Better Than That

Eduardo: Na nona faixa do álbum, Marina nos avisa sobre uma verdadeira “homewrecker”, uma mulher que dorme com vários homens e finge ser sua amiga, mas depois te apunhala pelas costas. Quando a música saiu, os boatos que corriam era de que ela era uma indireta para Ellie Goulding, mas como eu já esperava, não era nada disso e Marina tratou de desmentir. Mesmo assim, ela não se destaca no disco nem pelo arranjo e nem pela letra, sendo a única que eu pularia. Nota: 5/10

Macio: Better Than That pra mim é sexy, imagino a música sendo trilha do filme de alguma super heroína da Marvel, a letra fala sobre poder e "ser melhor que isso", refrão bem viciante e o fundo musical eu achei criativo. Contra: A voz meio medonha da Marina em umas partes da música. Nota: 8.5/10

Weeds

Eduardo: Aqui Marina luta contra um problema que ela tentou evitar, mas que agora está crescendo como ervas daninhas. “Weeds” é uma balada poderosa e uma das melhores faixas do disco. Delicada e tocante, com um incrível solo de guitarra no final, ela é a parte do repertório em que os fãs fecharão seus olhos e acenderão seus isqueiros, cantando junto. Estupenda! Nota: 10/10

Macio: Opa! Mais uma que vicia (trocadilho fail), eu adoro os falsetes que a Marina e essa música é repleta deles, além de ser bem calminha (efeito das WEEDS né marina? ponto alto: “Like weeeeeeeeds”/ “And God knows that sex is a way to feel a bit, a little bit less lonely” HAHAHAHA MARAVILHOSA, ótima música pra fechar os olhos, sorrir e ficar balançando a cabeça junto. Nota: 10/10

Savages

Eduardo: Tenho a impressão que Marina deixou o melhor para o final, pois Savages é dona de um dos refrões mais poderosos do disco, além de uma letra agressiva. Sobre um sintetizado instrumental de rock, a cantora denuncia nosso instinto selvagem, dizendo que por baixo de toda a nossa civilização há uma selva onde os mais fortes sobrevivem. “Somos apenas animais ainda aprendendo a engatinhar". Nota: 10/10

Macio: Aqui Marina filosofa um pouco sobre a raça humana, falando sobre classes sociais, assassinatos e se perguntando se tudo isso está em nosso DNA (curti a ideia da letra? SIM). Gostei da música, pareceu-me que a bateria (acho) que acompanha o vocal dela a música inteira combinou bem e, devido à letra, ela parece cantar com mais “força” que o normal. Bacana, mas não uma preferida. Nota: 8/10

Immortal

Eduardo: A faixa que anuncia a chegada do fim é simplesmente a obra máxima do disco e talvez da carreira da cantora. Com uma performance vocal invejável e uma letra perfeita, ela canta sobre um dos temas mais difíceis de se falar: a morte. É uma canção emocionante e delicada, onde Marina reflete sobre o legado que cada um de nós deixa quando tudo acaba. Todos querem ser imortais, mas as únicas que coisas que não morrem são as memórias. É necessário aceitar que um dia tudo vai acabar e aproveitar a vida curta para deixar um legado... Algo de valor para que não viva em vão. Uma memória. Nota: 10/10

Macio: FALSETES! FALSETES! FALSETES! É linda, tipo de música que te toca e contagia e você fica *-*, meu conselho? Só corre e escuta. NOW. Não faço ideia de qual é o fundo musical porque a voz da Marina rouba a cena completamente aqui. Ponto alto: Falsetes, lógico. Nota: 10/10

Resumo geral: “Froot” é um trabalho sincero e pessoal, a prova disso é o fato de que Marina trabalhou duro e fez tudo praticamente sozinha. Pode-se dizer que o disco é uma análise da própria como humana. Seus erros, seus amores, sua alegria, sua tristeza... Todos os sentimentos expostos em doze músicas incríveis.

O disco é muito distante do seu antecessor, o maravilhoso “Electra Heart”, se assemelhando muito mais ao álbum de estreia, “The Family Jewels”, mas isso de maneira nenhuma é ruim. “Froot” é mais orgânico e menos eletrônico. O conceito não é tão genial quanto o do segundo álbum da sua carreira, mas Marina acerta ao fazer dele um retrato fiel e delicado do seu eu interior, ao mesmo tempo que estuda o ser humano em geral, apontando seus erros e acertos. “Froot” é, resumidamente, uma obra magnífica.


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